Palestra sobre justiça e direitos das pessoas com deficiência em Escola Primária de Maputo

Realizou-se no passado dia 27 de Setembro, a primeira palestra sobre justiça e direitos das pessoas com deficiência, na Escola Primária Completa Unidade 18, em Maputo, no âmbito do projecto “Melhorar as políticas municipais para pessoas com deficiência em Maputo”, financiado pelo Município de Barcelona e implementado pela medicusmundi, em parceria com o Conselho Municipal de Maputo e a ADEMO.

Determinantes Sociais da Saúde

a importância de procurar mais informação sobre a deficiência e passar a olhar para a mesma, como uma questão de saúde pública e de direitos humanos

A primeira palestra sobre justiça e direitos das pessoas com deficiência, realizada na Escola Primária Completa Unidade 18, em Maputo, tinha como foco abordar, no espaço escolar, as principais causas e tipos de deficiência, assim como os dilemas enfrentados pelas pessoas com deficiência no contexto da sociedade moçambicana.

 

A palestra envolveu o corpo docente e da direcção escolar, assim como alguns assistentes, entre outros, como forma de chamar atenção a todos os actores escolares sobre a importância de promover a inclusão e inserir conteúdos sobre deficiência na agenda, nos programas curriculares e no processo educacional, em geral.

 

As notas de boas-vindas foram dadas pelo gestor do projecto na medicusmundi, Policarpo Ribeiro, que apresentou o projecto e a actividade. Por sua vez, Farida Gulamo, Secretária-Executiva da ADEMO, realçou o seguinte: “As causas e os tipos de deficiência são vários e em cada ano, os números de pessoas com deficiência aumentam. Na sua maioria, estão ligados a diversos factores, entre eles, sociais, psicológicos, biológicos e outros. Por isso, é importante falar sobre esta temática em ambientes escolares e não só”.

 

Na mesma linha, a palestrante Emília Chissico, representante da ACAMO (Associação dos Cegos e Amblíopes de Moçambique), também deficiente visual, explicou na primeira pessoa, os dilemas enfrentados, as causas da cegueira, "a importância de procurar mais informação sobre a deficiência e passar a olhar para a mesma, como uma questão de saúde pública e de direitos humanos".

 

“Eu perdi a visão na casa dos 40 anos. Não foi fácil ter que me adaptar à minha nova realidade. Na época, eu trabalha na saúde, eu atendia muitos pacientes, na área do HIV/SIDA, tinha uma vida normal, mas tudo mudou, e passei a sentir na pele, a discriminação por não ver.” (Emília Chissico)

 

António Daúde, professor da EPC Unidade 18, aproveitou o momento para contar sobre a importância de procurar as unidades hospitalares. “Há alguns anos atrás, eu sentia algo diferente e estranho na minha perna esquerda; ignorava, pensando que seria algo normal que passaria logo. Mas, quando as coisas começaram a piorar, procurei pelos hospitais. Infelizmente, já era tarde”.

 

Os participantes aproveitaram ainda para debater sobre a Estratégia da Educação Inclusiva e Desenvolvimento da Criança com Deficiência (EEIDCD) 2020-2029, sob responsabilidade do Ministério do Género, Criança e Acção Social de Moçambique, realçando que este tipo de actividades se enquadram nos seus objectivos e que são oportunidades importantes para contribuir para a sua implementação.

 

As palestras irão decorrer em mais 4 escolas (duas de ensino primário e duas de ensino secundário), localizadas no distrito municipal de Nlhamankulu, na cidade de Maputo.

 

Esta actividade enquadra-se no âmbito do projecto “Melhorar as políticas municipais para pessoas com deficiência em Maputo”, financiado pelo Município de Barcelona e implementado pela medicusmundi, em parceria com o Conselho Municipal de Maputo (CMM) e a Associação dos Deficientes Moçambicanos (ADEMO).