Entre os meses de outubro e dezembro de 2020, as associações mineiras de Namuno consolidaram a aplicação do novo método gravitacional baseado, entre outras práticas responsáveis, no uso do borato de sódio, popularmente conhecido como bórax
Tradicionalmente, a mineração artesanal em Moçambique tem sido marginalizada, tanto pela sociedade como pelas autoridades, devido ao impacto negativo que esta actividade causa no meio ambiente e na saúde das pessoas, famílias e comunidades onde é praticada.
Por este motivo, a medicusmundi e o Centro Terra Viva, através do Projecto Mineração Artesanal, Direitos Ambientais e Culturais em Cabo Delgado, com o apoio financeiro da União Europeia, desde o ano de 2017, têm vindo a introduzir, gradualmente, boas práticas ambientais e métodos alternativos limpos e sustentáveis de extracção dos minérios, concretamente junto de quatro associações mineiras baseadas em Nanlia e Waqueia, distrito de Namuno, em Cabo Delgado.
Estas actividades pretendem contribuir para o objetivo de dignificar a mineração artesanal e de quem a pratica na província de Cabo Delgado, para além de reverter os impactos negativos no ambiente e na saúde, tais como:
Entre os meses de outubro e dezembro de 2020, as associações mineiras de Namuno consolidaram a aplicação do novo método gravitacional baseado, entre outras práticas responsáveis, no uso do borato de sódio, popularmente conhecido como bórax. Esta substância apresenta inúmeras vantagens, já que não polui, não é tóxica, nem para as pessoas nem para o meio-ambiente, além de que é relativamente barata e permite a extração de ouro de melhor qualidade e em maior quantidade.
Graças ao domínio que alguns garimpeiros e garimpeiras já detêm em relação ao uso deste método, e às vantagens comparativas que esta substância proporciona (em relação ao mercúrio, que é um metal tóxico, ilegal e caro), os próprios garimpeiros têm vindo a replicar os conhecimentos adquiridos nos últimos três anos junto de várias associações de outros distritos. Assim sendo, foram formados em Montepuez os membros da Associação Nacororo; em Ancuabe, da Associação 3 de Fevereiro, e em Balama, das associações Novo Modelo, Boa Esperança, 1 de Maio e Sapamoto, com um total de 20 mineiros formados, dos quais 14 homens e 6 mulheres.
Com a progressiva adesão de mais associações ao uso deste método gravitacional, espera-se que a médio e longo prazos sejam alcançados resultados animadores, que se possam traduzir em melhorias na saúde quem exerce esta actividade, maior cuidado com o ambiente e maiores benefícios económicos para as famílias. Neste sentido, a medicusmundi e o Centro Terra Viva, têm vindo a intensificar os seus esforços de advocacia e sensibilização para o uso deste método alternativo, através da campanha “Dignificar a Mineração Artesanal está nas Nossas Mãos”.